Roma, 18 de janeiro de 2010
Irmãs caríssimas,
estamos na metade do Encontro sobre o redesenhar na Europa e Canadá/Quebec. Além das informações cotidianas no site www.paoline.org, oferecemos aqui uma síntese do caminho feito por nós até hoje.
Iniciando os trabalhos, Ir. M. Antonieta convidou-nos a dar asas à esperança e a exercitar-nos na arte da escuta recíproca, a buscar o caminho certo, para que o futuro redesenhar faça crescer a nossa vida e possamos, assim, gerar vida.
A seguir, a apresentação da “fotografia” dos Países onde estamos e trabalhamos colocou em comum a plataforma da realidade complexa do “velho continente” e do Canadá/Quebec. Como Paulinas de 12 nações que vivem substancialmente os mesmos problemas e dificuldades, colocamo-nos juntas à escuta do Espírito, para que possa emergir mais vivo o desígnio de Deus sobre a nossa congregação e possamos encontrar o caminho do futuro.
Procuramos o confronto e as linhas convergentes, presentes em todas as nações, que nos interpelam a responder com a nossa missão. Emergiu, como denominador comum, o desafio da troca cultural, da multiculturalidade e da multirreligiosidade, o desafio do mundo digital, invasivo e fascinante, especialmente para os jovens. Quais linguagens, meios e formas adotar hoje para a evangelização? Não devemos temer os questionamentos das novas situações, sabendo bem que eles nos obrigam a “purificar” o que já é conhecido, para que a nossa fé e todas as dimensões da vida paulina sejam renovadas.
Sobre essas dimensões, que são os caminhos mestres da nossa vida, (espiritualidade, formação, pastoral vocacional, apostolado, comunicação, economia), refletiu-se e discutiu-se muito. Sobre a espiritualidade, força unificadora da nossa vida, que nos conduz a uma compreensão mais autêntica do carisma e a ser carisma vivo. Sobre a pastoral vocacional, um dos sinais mais claros de amor à Congregação. Sobre a formação, elemento importante na renovação de todos os Institutos. E também: como acontece o abrir-se a formas inéditas de partilha do carisma e da missão com os leigos. Para o apostolado, a reflexão conduziu-nos a sublinhar o chamado apostólico, que deve reavivar o “fogo” da missão. Falamos da comunicação como um fio vermelho que atravessa toda a vida das Filhas de São Paulo e que, junto com a Palavra de Deus, redesenha o nosso caminho. Por último, o tema da economia – na atual crise mundial – que nos provoca a viver maior comunhão, solidariedade e laboriosidade.
Sábado, na peregrinação ao Santuário Rainha dos Apóstolos, nos túmulos dos nossos Fundadores, rezamos intensamente, recordando todas as nossas comunidades, pedimos pelas vocações e também luzes para o Projeto do redesenhar que estamos delineando.
Nas palestras de domingo, 17 de janeiro, padre Bartolomeo Sorge sj e o dr. David Sassoli, parlamentare europeu, iluminaram juntos as situações e problmeas da Igreja e da sociedade na Europa.
Padre Sorge falou de uma Igreja, agora minoria, que, para agir como fermento espiritual na sociedade de hoje, deve colocar-se sempre mais a serviço da humanidade; não contar com apoios externos e com privilégios, mas apenas com a força da Palavra de Deus. Igreja que deve fazer resolutamente sua escolha “religiosa”. Radicada na amizade com Cristo, abre aos homens o acesso a Deus, com a força impulsionadora da fé e do testemunho. Hoje, a Igreja deve liberar a sua força profética, ter a coragem da denúncia, certa de que o Espírito a guia. E será o laicato cristão que a ajudará a não dobrar-se sobre si mesma, a sustentar o diálogo intercultural e a dar ressonância ética ao mundo. Para as Paulinas da Europa, o carisma deve voltar-se às fronteiras do amanhã, no esforço de integrar-se na nova cultura, com novas linguagens e novas atitudes psicológicas, convictas da presença do Senhor e de sua promessa.
O dr. David Sassoli apresentou o quadro social e político da Europa, onde a forte recessão econômica difunde o medo, gera fechamento e insegurança e incide negativamente sobre os comportamentos. A diminuição da taxa de natalidade européia (de 375 mil em 2010 cairá para 265 mil em 2050); a redução da população trabalhadora e o crescimento da longevidade são dados alarmantes que incidem sobre as famílias, sobre a vida social, sobre a economia. As convicções políticas de referência são frágeis e há uma grande ingovernabilidade dos processos sociais. Enquanto aumenta a riqueza global, persistem fortíssimas as desigualdades; o crescimento nas comunicações é muito elevado (Internet: mais de um bilhão de usuários).
Infelizmente não aconteceu, na Europa, o caminho para uma identidade comum e o empenho para uma ética da convivência, bem além da economia.
Irmãs, com a força da vossa oração, as quais agradecemos muito, continuamos o nosso trabalho. Nos próximos dias, valorizando todas as informações recebidas e as trocas feitas entre nós, buscaremos as estradas do nosso redesenhar da Europa e Canadá/Quebec.
De todas nós, uma cordial saudação.
Ir. Vanda Salvador – Ir. M. Letizia Panzetti