2º domingo da Quaresma 2010

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Do Evangelho segundo Lucas
Naquele tempo, Jesus, tomando consigo Pedro, João e Tiago subiu ao monte para rezar. Enquanto rezava, seu rosto se transformou e sua roupa se tornou branca e brilhante. Dois homens conversavam com ele: eram Moisés e Elias. Apareceram revestidos de glória e conversavam sobre a saída deste mundo, que Jesus iria consumar em Jerusalém.
Pedro e seus companheiros estavam com muito sono. Quando acordaram viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com ele.
E enquanto eles se afastavam, Pedro disse a Jesus: «Mestre, é bom ficarmos aqui. Façamos três tendas, uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias». Ele nem sabia o que estava dizendo. Enquanto falava, veio uma nuvem e os envolveu; ao entrar na nuvem, ficaram com medo. E da nuvem saiu uma voz que dizia: «Este é o meu Filho, o eleito; escutai-o». Enquanto a voz ressoava, Jesus ficou sozinho. Os discípulos ficaram calados e naqueles dias não disseram nada a ninguém daquilo que tinham visto.

ENCAREMOS O MEDO
Diante da Transfiguração do Senhor, os três discípulos, no Tabor, tiveram medo. É o medo de quem se aproxima do divino e faz a experiência dele. É um medo saudável, que deve ser acolhido. Deus não disse a Pedro, Tiago e João “não tenham medo”, como havia feito com os profetas, com Maria, e até mesmo com Pedro, no dia da pesca milagrosa. Os chamados, naquelas situações, sentiram um medo proveniente do próprio coração: tinham medo de não acertar, de serem esmagados pelo peso de sua indignidade ou limite.
Mas, no Tabor, o medo provém da percepção da Glória e, portanto, é bendito. Bendito, porque ajuda a colocar de lado a falsa familiaridade que pensamos ter com Deus; bendito porque, como todo medo, nos faz abrir os ouvidos. Quando nos encontramos em um lugar escuro e inseguro, sentimos medo e, instintivamente, aguçamos os ouvidos para não sermos surpreendidos pelo inimigo. O medo do Tabor faz aguçar os ouvidos. Justamente porque, dessa forma, podemos ouvir atentamente a Palavra do Pai: “Este é o meu Filho. Escutai-o”. Encaremos o medo não como se fosse um bloqueio ou justificativa, mas como emoção que nos desafia a levar a sério a Palavra. Deus é misericórdia, mas não brinca conosco.

Não somos o seu passatempo. Somos eleitos e consagrados para subir a montanha e gozar de sua glória, para depois refleti-la como num espelho (diria Paulo). Temos medo de perder tantas coisas inúteis. Deveríamos ter medo de perder o essencial. Aproximemo-nos da Glória com o medo sagrado de não perceber bem aquilo que o Mestre quer nos dizer. Façamos-lhe uma visita diária com menos simulada naturalidade e mais temor de Deus. Peçamos ao Espírito Santo que aumente em nós o dom do medo. O medo proveniente do Tabor, e só esse.


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