Sem ser destrutivo
No silêncio quente do meio-dia, uma mulher, sozinha, desce em direção a um poço; lugar bíblico dos encontros, do amor, mas para ela, agora, apenas um tempo necessário para encher um jarro.
Melhor ir sozinha ao poço. E espera não encontrar ninguém. Mas o Inesperado está presente, bem no âmago da solidão, da perplexidade, sempre no coração da vida que acontece. E o Inesperado é um homem cansado e sozinho. Um homem cansado e sozinho não assusta. Além disso, ele tem bons olhos, e quando decide falar, faz um pedido, expressa um desejo com palavras doces como o mel, o som da sua voz faz estremecer. Dá-me de beber pede o homem à mulher.
E nós, como a mulher samaritana, não esperávamos isso, mas compreendemos que naquele momento, esse era o único pedido que esperávamos, aquele fio de palavras delicadas para acariciar cada parte de nós, para reconhecer em cada ângulo de nossas vidas que nós, ainda, podemos ser água boa para alguém.
O homem do poço não conta os erros, não calcula o desperdício de água no passado, não lhe interessa saber quantos já a beberam, o homem cansado e sedento do poço só quer que nos sintamos ainda capazes de levar água à vida.
Posso descer para procurar água? É isso que Jesus pergunta: Posso entrar em sua vida? Radiestesista delicado, amante terno, amigo confiável.