4º domingo do Advento 2010

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A um passo do Natal, o quarto domingo do Advento nos faz transpor a porta do mistério que envolve a vida de José, esposo de Maria. Descendente de Davi, José é chamado a assumir a paternidade de uma criança de quem não é pai. Mas como é possível? E o que significa esse nascimento misterioso para um justo de Israel? Seria a lapidação da esposa infiel o resultado da justiça de José (cfr. Dt 22,22-26)?
José é justo, mas com uma conotação muito mais ampla do que aquela de “fiel executor da Lei”. É justo porque, contemplando a presença operante de Deus nos acontecimentos da história, tem a coragem de colocar-se à parte, a fim de que Maria seja livre de dizer sim a Deus. Ele se faz obediente àquilo que é fruto do Espírito em Maria, deixando que Deus continue a ser o Pai capaz de chamar “à existência as coisas que não são” (Rm 4,17), assim como foi no início do mundo: “No princípio, Deus criou…” (Gn 1,1).
E Deus cria, passando pelo ventre de uma mulher e do coração de um homem que tem o dever de dar o nome: “Dará à luz um filho, e tu o chamarás Jesus” (Mt 1,21). José deverá dar ao menino aquele nome que Deus escolheu para ele.
“Dar o nome escolhido por Deus” faz de José um pai. É pai aquele que ama de tal modo a Deus que se torna voz e instrumento de Deus para as pessoas a ele confiadas. José, “filho de Davi”, nasceu para dizer ao mundo que Deus se chama Jesus, e que Jesus quer dizer “amor que salva”. Esse nome é o que permanece de José. “Jesus” é a única palavra implícita dita por ele nos Evangelhos; todo o resto é absoluto silêncio. A verdade de José está contida em um “nome que está acima de todo nome” (Fil 2,9), anunciado pelos profetas (cfr. Is 7,14), doado pelos apóstolos: «Prata e ouro não tenho, mas aquilo que possuo te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te!» (Atos 3,6). Em Jesus, Deus se torna o Emanuel: “o Deus conosco” que se faz presente e nos salva em qualquer lugar e a qualquer hora.

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