Domingo de Ramos 2024

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É preciso chegar lá (Mc 14,1-15,47)

No final, é preciso chegar lá. Ainda não chegou o perfume da primavera, nem o novo sol que faça brilhar lágrimas incrédulas, nem um túmulo vazio.
Devemos chegar lá. E é um caminho em subida, montanha, novamente, de aparência cansativa.
O vento empurra as nuvens que se aglomeram ameaçadoramente sobre nós, transformando o céu em metal.
As lágrimas aqui são verdadeiras e amargas, aparentemente definitivas.
Devemos chegar ao lugar do crânio, onde a vida se esvai dos corpos, onde o tempo e a violência se tornam abutres dos “desperdícios do mundo”.
Devemos chegar lá, impossível compreender o escândalo da ressurreição sem a cruz.
Morte, devemos chegar lá. Há os que saem do mundo rodeados de filhos num sono quase esperado e os que são expulsos da vida, hóspedes indesejados, como Deus, crucificado no madeiro, desejo dessa imobilidade que sempre foi procurada por mãos ladras e assassinas.
Deus pregado no mesmo desejo de imobilidade: paraíso ao contrário onde nos colocamos no lugar de Deus e expulsamos a criatura, mas sem as palavras da misericórdia e do cuidado.

Precisamos chegar lá, a Paixão precisa levar-nos até lá. Nós gostaríamos de estar noutro lugar, onde a fé cheira pão e flores, onde a crença não abala, mas anima, onde Jesus aparece e acaricia. Em vez disso, é aqui que temos de estar. Com o povo que estava vendo.

Pe. Alessandro Deho'alessandrodeho.com


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