Epifania 2025

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Os Magos percebem que são necessárias duas vidas, ou talvez cem ou mil, e que nunca serão suficientes. Porque se procuramos um rei quando temos todo o Universo à disposição, é apenas por medo da dissolução, de não sermos mais do que uma forma transitória de nada. Os Magos não sabem, mas Herodes ao invés compreende: fora de Jerusalém existe o deserto, o deserto é agressivo, as palavras como gafanhotos, e o divino expulsa, provoca, os muros são para ele, que ele fique a distância.

Infelizmente, os sacerdotes e escribas sabem. Não é problema deles, eles estão seguros, é o profeta que não tem escapatória.

A seguir tudo desmorona, parece mais devido à rendição dos poderosos do que qualquer outra coisa. Trinta anos se passarão antes do confronto, os magos retornarão por outro caminho. Orientados desta vez, voltarão para casa, alheios e inconscientes, cristalizados em estátuas de presépios para decretar o fim das festas e o início dos massacres.

Sempre existe outro caminho, é aquele que permite sobreviver, escapar do duelo. Jesus, o desorientador, com suas palavras apontará uma estrela; um rastro de milagres mal interpretados o entregará ao inimigo, teimoso, ele permanecerá para desafiar eternamente cada Jerusalém, excluindo qualquer outro caminho que não inclua o Gólgota.

A luz virá. A única maneira de derrotar o poder é render-se ao massacre. Talvez o Evangelho seja o manual daqueles que não fogem mais. Daqueles que se pregam ao seu destino.

Pe. Alessandro Deho'alessandrodeho.com


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