Vigiai, não sabeis
quando é o momento.
Não, não conhecemos o tempo, não conhecemos o seu mistério, ele nos assusta.
É por isso que o habitamos com dificuldade, frequentemente deslizamos com o pensamento no passado, deixamos nossos pensamentos se perderem naquilo que foi e eles, de bom grado, se deixam encantar por algo que ambiguamente se deixa moldar à vontade.
Ambíguo é o passado, como o canto das sereias, uma armadilha.
Ou avançamos para o futuro, para além do presente e vivemos projetados num outro lugar que nunca alcançamos.
Vigiar é antes de tudo despertar-se no presente. Abrir os olhos e deixar-nos encontrar pelo mundo assim como é.
Vigiar é ressurgir no presente. E reconhecer os detalhes, os perfumes e as sombras.
Vigiar é ouvir, tocar, saborear.
Vigiar é um respiro profundo para dar espaço ao real, é dilatar o instante e descobri-lo habitado pelo Infinito. É aprender a reconhecer o Mistério que nasce continuamente no instante, é aprender da lógica de Belém onde o Infinito abre os olhos e pede cuidado.
Vigiar é é dilatar o tempo presente e torná-lo habitável. Caloroso. Acolhedor. E permanecer neste tempo e espaço, mantendo-os juntos. Para nascer nele.
Neste tempo habitado o passado
transforma-se em memória
e o futuro em esperança