A arte do cuidado  

Mateus 24,37-44

O primeiro domingo do Advento é um convite para abrir nossos olhos sobre o caloroso coração dos acontecimentos, sobre a Criação que implora nosso gesto de cuidado. Como nos tempos de Noé, como em nossos tempos, a vida nos pede a arte do cuidado, também o Natal será isto, uma criança que divinamente se entrega aos cuidados de um jovem e de uma jovem, surpreendidos por uma vida inesperada e promissora.
O primeiro domingo do Advento é a boa notícia para cada ser humano, pois, cada um de nós tem a confiança do Criador. O Senhor confia em nós, confia-se a nós, Deus acredita em sua humanidade, que será frágil e fadigada, que muitas vezes trai e decepciona, mas que, quando decide dobrar-se poeticamente sobre o mundo para protegê-lo, torna-se imagem e semelhança de Deus Criador, de Deus que cria e recria no amor.

Entrar na arca me parece ser o gesto que esse advento pode trazer como início do caminho. Entrar na arca não significa deixar o mundo, mas voltar a entrar em nós mesmos, salvando-nos da banalidade que, gota a gota, ameaça destruir o perfil da criação. Voltar a nós mesmos para sentir que a única coisa que estamos procurando é alguém que cuide de nós, para nos salvar será apenas e sempre a arte do cuidado, e por isso ainda buscamos Jesus, o encarnado em cada beijo inclinado sobre nossas feridas.