Caríssimas irmãs,
enquanto nos preparamos para celebrar o 53º aniversário de sua passagem à vida eterna, é importante olhar para essa nossa Mãe, a fim de colher dela sobretudo a capacidade de mediação e de colaboração na obra que o Fundador desenvolvia, em obediência aos sinais de Deus.
Na volumosa Positio que trata das virtudes heroicas da Venerável ir. Tecla Merlo, se lê: «Tecla Merlo […] foi uma grande mulher, uma perfeita religiosa, uma cofundadora iluminada e previdente, aberta às necessidades dos tempos modernos, uma humilde e fiel executora da vontade divina, que procurou sempre e apenas a glória de Deus e o bem das almas»(1).
Mestra Tecla, desde o início, desenvolveu um papel de mediação da graça carismática, com plena confiança no instrumento escolhido por Deus. Nos primeiros tempos da fundação, confiava: «Tenho muita confiança no Senhor, mas também no Sr. Teólogo, porque sei que ele é mandado por Deus e onde ele passa, também eu posso passar tranquila que não errarei»(2).
Ir. Nazarena Morando testemunhava: «Quando as Filhas de São Paulo ainda não tinham um nome, uma identidade, uma casa, a Primeira Mestra acreditava e se abandonou com plena confiança em Deus e foi dócil até o heroísmo.Tinha uma fé que a levava a aceitar a vontade de Deus, as disposições e as diretivas do Primeiro Mestre, também quando eram obscuras, taxativas e exigiam sacrifícios e renúncias[…]. E a Primeira Mestra não era de caráter fraco, passivo; era forte, enérgica, decidida […]. Por isso, o seu abandono e a sua docilidade eram fruto da fé»(3).
Seguiu o Fundador com a docilidade do coração, sabendo que através dele Deus lhe indicava o caminho. Assim lhe escrevia em 1950: «Tenho plena confiança nas suas palavras» (LMT 86n). E em outra carta do mesmo ano: «Seja como o Pai que corrige a sua filha. O senhor o sabe, estou em suas mãos. Disponha como um lenço. Tenho muito medo de não agir bem e de levar as Filhas de São Paulo… através…» (LMT 87n).
E pe. Alberione, como aparece em tantos escritos, servia-se de sua mediação para transmitir as orientações à Congregação.
Ao lado do Fundador, também nas grandes viagens apostólicas, no carro ou no avião, podia ouvir e acolher suas confidências, as alegrias e as tristezas. Escrevia de Roma, em 16 de outubro de 1939, a Ir. Paolina Pivetta: «A esta hora já deves saber que tive de viajar com urgência. Chamaram-me para ver se é possível ajudar um pouco o Primeiro Mestre que se encontra em extrema necessidade. Jamais como agora tem necessidades materiais tão pesadas. Faz-me muita pena, e não sei o que fazer para ajudar…».
Pe. Alberione sente Mestra Tecla coparticipante e corresponsável pelo desígnio de Deus: ele a informa sobre cada passo; solicita a sua presença na visita às casas (LMT 22, 42, 57, etc.); pede a sua opinião sobre problemas e iniciativas (LMT 4, 6, 7, etc.); a encarrega de dar normas para o apostolado; e a disposição para o justo relacionamento com as outras instituições femininas LMT 3, 9, 53, 54).
A Primeira Mestra recebe e aplica cada orientação do Fundador com a riqueza do seu dom; ou seja, coloca a serviço a sua experiência para um discernimento mais aprofundado quando a vontade de Deus não é ainda muito clara(cf. LMT 53, nota n. 1).
O Fundador coloca-a continuamente como a mãe sobre cujos passos é preciso caminhar: «A docilidade das Filhas de São Paulo à Primeira Mestra explica o seu rápido desenvolvimento e o sucesso de seu apostolado» (LMT 115). Ele atesta que ela lhe foi de grande ajuda para constituir as Pias Discípulas e as irmãs Pastorinhas, colaborando para o seu nascimento, crescimento e aprovação canônica (cf. AD 237).
Em 2 de setembro de 1954, pe. Alberione solicitava às irmãs para assumirem a palavra da Primeira Mestra como se fosse o seu mesmo pensamento: «Não há dois pensamentos, mas um só que, acredito, seja o pensamento e o desejo de Deus».
Em 15 de setembro de 1960, em preparação à festa de Santa Tecla, pe. Alberione confiava às Filhas de São Paulo: «Deveis tudo à Primeira Mestra, e também eu devo muito, porque me iluminou e orientou em coisas e circunstâncias alegres e tristes; foi de conforto nas dificuldades que impediam o caminho».
Mestra Tecla foi capaz de uma mediação contínua, como lembrou pe. Renato Perino ssp, por ocasião do Congresso Vi porto nel cuore: «Creio que a grande missão e a grande lição de Mestra Tecla tenha sido esta mediação contínua, conduzida com um espírito de fidelidade ao pe. Alberione e na obediência muitas vezes heroica, mas sempre uma obediência exercida em pé…».
E no mesmo Congresso, pe. Silvano Gratilli ssp afirmava: «Ela (M. Tecla) realizou uma preciosa obra de mediação entre a inspiração, a intuição e as diretrizes do Fundador e as Filhas de São Paulo. Recebeu, assimilou e transmitiu, por isso aceitou e fez aceitar, elaborou e fez elaborar, realizou e fez realizar. O resultado é o apostolado das Paulinas no mundo. Não é retórica, mas expressão de sinceridade, se afirmarmos que a Primeira Mestra Tecla Merlo foi a mãe de toda a Família Paulina».
Também hoje, Mestra Tecla nos falaria de comunhão, de colaboração, de corresponsabilidade, de gratuidade, de empenho para fazer crescer, ao nosso redor, um mais autêntico espírito de família, para ser «um coração só e uma alma só», todos unidos, religiosos, religiosas e leigos, para que «a Palavra de Deus corra e seja glorificada».
Ir. Anna Maria Parenzan
[1] Informatio, p. 2.
[2] Le nostre origini, p. 10.
[3] Summarium, § 684.