FAZER ESPAÇO PARA O AMOR
E o Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1, 14).
Talvez tenha acontecido a você também ter sentido um véu de tristeza no coração, exatamente no dia de Natal… Se abrir a janela do lado de fora, poderá ver: luzes artificiais, pobres sem pão, becos sem saída, crianças sem pais, pais sem filhos, relacionamentos rompidos, injustiça violenta, exploração ilegal, crianças que não nasceram, jovens que se suicidam, barcos afundados, fugas de povos, pontes caídas e muros levantados, natureza maltratada, ventos impetuosos. Como podemos pensar em celebrar o Natal nesta realidade? Haverá uma verdade que sustente o mundo, uma vida que é vida, um amor que é amor? João Evangelista lembra-nos que a Palavra da vida veio habitar no meio de nós (cf. Jo 1,14); exatamente a Palavra que um dia disse: “Haja luz” (Gn 1,3) continua a colocar “a tenda de seu corpo” entre nossas profundas contradições, nossas lágrimas e nossos sonhos, entre nossas feridas e nossas esperanças.
Com o nascimento de Jesus posso finalmente dizer-lhe que “Deus sabe sobre você em sua pele, assim como você sabe sobre ele na sua“. Eis o natal.
A pele não é pensamento, nem complicado processo, a pele é realidade, corpo, relação, vida cotidiana. E Jesus tem um corpo: para comunicar-se deve falar, para entender deve ouvir, para mover-se, deve caminhar; sente sentimentos, conhece a ansiedade da espera, a ternura da amizade, mas também a amargura da traição, da raiva e a decepção com a mesquinhez humana, mas acima de tudo vive “em sua pele” a alegria íntima do abraço, a profunda solidariedade com o ser humano, o amor até últimas consequências.
No Natal descobrimos que o conhecimento da pele, ao invés de ser apenas uma maneira rude e primitiva de abordar a realidade, é o modo mais íntimo de Deus abrir espaço ao amor, dar lugar a você!
Feliz Natal!
Eco Bíblicos
Entrando no mundo, Cristo diz:
Não quiseste sacrifício nem oferta,
mas formaste um corpo para mim.
Então eu disse: “Eis que cheguei!”
(cf. Hb10, 5-7, Sl 40, 7-9).