…e ainda assim eu a encontrei

Ir. Mariangela Tassielli

Facebooktwitterredditpinterestlinkedinmail

Sou Ir. Mariangela Tassielli, nascida em 1976, a Lecce, uma pequena cidade no sul da Itália, localizada bem na ponta do calcanhar, onde dois mares se tocam e diz a lenda que os abismos estão logo ali. A zona onde vivi durante os meus primeiros 19 anos chama-se “Salento”, e três coisas a caracterizam, que de alguma forma caracterizam também a todos nós que ali temos nossas raízes: o sol, o mar e o vento.

Conheci Mestra Tecla em 28 de julho de 1991, em Castagnito, a mais de mil quilômetros de minha casa. Nessa data eu tinha 15 anos e me lembro daquele dia como se fosse hoje; naquela manhã, eu a encontrei e descobri a face de Deus, e desde então tudo mudou.

Eu sei que entre vocês aquelas que amam as datas devem ter, nesse momento, uma expressão estranha em seu rosto. Ora, elas devem estar pensando que algo não está certo… No entanto, garanto-lhes que naquela manhã, a Primeira Mestra realmente conseguiu me encontrar. Ela estava lá, com um braço apoiado na janela entreaberta de um trem partindo e um sorriso profundo como o mar. E para mim – uma adolescente totalmente fechada nos próprios medos, insegura de tudo, mas curiosa – reservou-me uma frase que escancarou as portas do céu: “Baixar-me tanto a ponto de atrair Deus a mim; para isso basta pensar no meu nada. E erguer-me com tal confiança que eu chegue até Deus”. Foi assim que ela entrou em mim e, dia após dia, me levou a descobrir a beleza e a plenitude de um carisma que estava crescendo dentro de mim, e que me pedia para olhar de modo novo o futuro que todo adolescente pensa e sonha e que teria me transformado em alguém diferente, completa, forte e frágil. Um carisma, aquele paulino, pelo qual desejar como ela, dia após dia, ter mais de mil vidas para doar.

Hoje, a cada instante, continuo a bendizer a Deus por ter-me permitido encontrá-la, pois, a distância de trinta anos, posso dizer que foi a sua presença que fez a diferença nos muitos sins que Deus e a história continuaram a me pedir. Encontrei sua ternura no cuidado de irmãs que me ensinaram como é necessário para uma Filha de São Paulo ser capaz de humanidade, de atenção e de delicadeza. Encontrei sua paixão apostólica no entusiasmo e na totalidade com a qual algumas irmãs que me ensinaram a pensar e viver o apostolado. Encontrei sua maternidade no cuidado de irmãs que enxugaram e enxugam minhas lágrimas. Encontrei sua determinação na força e tenacidade dos sins de muitas irmãs que me ensinaram e me ensinam o quanto vale um amém pronunciado na fadiga do trabalho, quando dito com profunda fé e confiança total em Deus.

Mestra Tecla está viva em muitas irmãs que tive a sorte de encontrar, pois ela continua a ser aquela presença calorosa que tudo transforma em dom, que me recorda que o único critério de uma vida doada é o bem que com coragem, me arranca de mim mesma, empurrando-me para Deus e para aquele além que Ele está indicando para todas nós.

Hoje, sei que a nossa vocação é tão esplêndida quanto despojada, porque como Filhas do Apóstolo nada podemos fazer senão afastar-nos dos sofás de um apostolado confortável e tranquilizador já experimentado para nos empurrar para as periferias perigosas e desconhecidas de um anúncio mesclado de humanidade, de partilha do carisma, de novos investimentos no futuro.

No coração uma certeza, só uma certeza, a sua voz: “Não te perguntes se é possível, pergunta-te apenas: ‘faz o bem?’ Então faça!”

Mariangela Tassielli, fsp


Allegati